quinta-feira, 2 de agosto de 2001

Em águas da Bahia

Em Junho de 2001, meu amigo Luís Carlos (Bonitão), me convidou a participar de uma viagem com seu primo. O Augusto dono do Brisa Sul, um Brasília 32, pretendia participar da REFENO. Ele partiu com o Brisa de Ubatuba, tripulado pela sua esposa e pelo Bonitão. Eu não tinha certeza se poderia viajar com eles, pois eu tinha meus compromissos de trabalho, além do compromisso com minha família. A Isabela tinha alguns meses e minha esposa ficaria sozinha.
Finalmente, após receber um valioso alvará, fui para Porto Seguro de avião, substituir o Luis Carlos, que havia tripulado o Brisa desde Ubatuba. A esposa do Augusto, os acompanhou até o Rio. Ela voltou trabalhar e o Augusto e o Luis seguiram viagem.


Saímos de Porto Seguro pela manhã. Motoramos até livrar os recifes que existem na região de Porto Seguro. Algumas horas depois estávamos velejando.
No dia seguinte deixamos pelo través a cidade de Ilhéus. A ideia era entrar em Camamú no dia seguinte. Na região de Ilhéus a água se tornou azul turquesa. A profundidade chegou a 2000 mts. Não cruzamos com nenhuma embarcação nesses dois dias. Durante a noite que antecedeu nossa chegada na Baía de Camamú, o vento rodou para leste com boa intensidade. Isto fez com que o Brisa Sul antecipasse nossa chegada na entrada de Camamú. Decidimos ficar velejando em mar aberto até que o dia amanhecesse. Tínhamos os waypoints para entrada, mas não quisemos arriscar.
Eu e o Augusto vínhamos fazendo turnos a noite de 2 horas cada. Naquela noite eu fiquei um pouco mareado e tomei um Dramim. Durante meu turno, lá pelas 04:oohs da manhã, peguei no sono. Quando acordei estávamos passando a uns 5 mts de uma traineirinha de pesca, que estava com as luzes do convés acesas, sem ninguém de prontidão. Não deu tempo de fazer nada, apenas gritar assustado: - Augusto, Augusto... quase batemos naquele barco! Eu não sabia onde enfiar minha cara. Fiquei pensando... Se eu tivesse batido naquele barco... o Augusto não me perdoaria nunca.
Com o dia clareando, checamos a plotagem, waypoints no GPS e entramos motorando.
Ancoramos no Campinho, local onde havia um veleiro alemão chamado "Comodo". Âncora ajeitada e segura, podemos descansar um pouco. Saímos a pé para explorar o local. Havia um pequeno vilarejo, onde compramos algumas coisas para comer.


Conhecemos o casal de alemães do Comodo. Eles estavam discutindo com um "empresário" local, que havia cobrado uma fortuna pela ligação que eles haviam feito. Tentei intermediar a discussão, traduzindo o que os gringos falavam. Quando vi que era rolo, dei uma de desentendido e cai fora. Ganhamos uns 10 a 15 cocos de um camarada da vila. O cara pegou os cocos da plantação do tal "empresário". Levamos os cocos de carrinho de mão. Antes de sair, demos uns cocos para os gringos. O casal nos convidou para conhecer o barco. Me arrependi de não ter aceitado. Depois fiquei curioso.
No dia seguinte fomos no barco que leva as crianças para a escola em Maraú, para conhecer aquela cidade. Eu já havia estado lá em 94, quando fiz um viagem de carro com minha esposa. Foi só por uma noite. Tivemos que sair correndo, por causa das chuvas... Passamos o dia em Maraú e retornamos a tarde no mesmo barco. O capitão do barco tinha um restaurante em sua casa, lá no Campinho. A noite pegamos o botinho e fomos até o restaurante comer umas lagostas. O restaurante era na varanda da casa do cidadão. Que delicia! Foram seis bandas de lagosta (três lagostas). Tomamos umas cervejas, conversamos muito com um senhor do local, que falou da sua vida ligada ao mar. Bem tarde, retornamos para o Brisa.
No dia seguinte fomos conhecer Camamú. Pegamos outro barco, que nos levou para lá. Exploramos a cidade. Conhecemos um estaleiro de escunas. Conhecemos o mercado central, onde havia um montão de farinha para vender. Que perdição! Tinha farinha fininha, branquinha, amarelinha, grossa... Me amarro numa farinha!! Retornamos para o Brisa.
No dia seguinte saímos para Salvador. Chegamos de manhã. O Brisa ficou ancorado no Centro Nautico da Bahia. Passei apenas mais um dia com o Augusto. A noite fomos encontrar minha irmã e meu cunhado, no bar Aeroporto. Fomos comer um escondidinho e tomar umas brejas.
No dia seguinte eu voltei para São Paulo de avião. Acabou a vida boa. Pela primeira vez na minha vida, eu havia sentido saudades de casa. Foi por causa da Isabela. Aquele ser tão pequeno, já estava me transformando.