terça-feira, 30 de janeiro de 2001

Ubatuba - Rio de Janeiro

Em Janeiro de 2001, consegui um alvará da chefia, para dar uma velejada mais longa. Saímos às 02:00 hs da manhã de Ubatuba. Fomos em três. Júnior, Fernandinho e Eu.
Foi a maior motorada da minha vida. Foram 22 horas de motor. O velho Mold funcionou sem parar.
Pela manhã passamos pela Joatinga. O fernandinho dormia profundamente desde a partida. Pela tarde passamos pela Marambaia. O fernandinho continuava dormindo. Ao entardecer pudemos avistar de longe a cidade do Rio. E o fernandinho dormindo! Quando passamos pelas Cagarras, já bem tarde, um barco de pesca se aproximou com o pessoal gritando... - Olha a rede! Vocês são loucos navegarem a noite sem luzes! (só depois disso é que pude ver que as luzes de navegação estavam queimadas). Desviamos da rede e continuamos até Niteroi. Chegamos no Charitas a meia noite. Acordamos o Fernandinho para ele ver que haviamos chegado. depois ele voltou a dormir.
O barco ficou no Charitas até o outro final de semana. Voltamos para SP de onibus. O Fernandinho dormiu a viagem inteira!








Na semana seguinte, Eu e o Júnior retornamos para Niteroi com o objetivo de navegarmos até Búzios.

Encontramos o Veleiro Jornal, ancorado ao lado do Tukurá. Todo enfeitado com as bandeirinhas dos países que eles passaram. Conheci o Vilmar e a Gina, que acabavam de chegar de Vitória. Eles estavam retornando para Itajai, após 5 anos de viagem. Este casal é muito simpático e atencioso. O Vilmar não se cansou de dar explicações e respostas as minhas perguntas. Gente muito fina!

Saímos do Charitas a tarde para abastecer o Tukurá e em seguida partimos para Arraial do Cabo. Já no posto de combustível o pessoal nos avisou da forte lestada que soprava lá fora. Eu e o Júnior não demos importânica para isto. Não fiz planejamento nenhum da viagem. Pensei comigo: - Faço no caminho, rapidinho!!. Quando saímos da Baía da Guanabara, o pau começou a comer. Estávamos de sunga, pois o calor era forte. Antes que chegássemos perto das ilhas do Pai e da Mãe, já tomei uma lavada da água gelada. Depois disto é que fomos pensar em colocar a roupa impermeável. Tudo errado!! Não nos preparamos para aquilo. A noite chegou, estávamos com fome, com frio, assustados com o mar (ondas altas), vento com rajada de 25 nós na cara, convés sendo lavado a cada onda. Seguimos na vela, pois nós queríamos experimentar condições mais duras. Eu nunca havia velejado assim antes. Velejamos muito para fora. Começamos a navegar na rota de navios. De madrugada demos um bordo para terra, para tentar avançar mais na direção desejada. O Júnior começou a marear. Falei para ele tomar um Dramin gotas que estava debaixo do VHF. Ele tomou o Otossinalar, que é para o ouvido! (Só descobrimos este furo no dia seguinte, quando eu vi a caixa do Dramin lacrada). Ele tentou dormir na cabine, mas não deu. Descansou fora mesmo. Quando em me cansei, pedi que ele tomasse o leme. Dormi no convés. Ás 04:00 hs da manhã e Júnior me acordou. - O que eu faço? Tem um barco vindo em nossa direção. Era um barco de pesca grande com as duas luzes, vermelha e verde, bem acesas em nossa direção. Demos um bordo meio desajeitado, ficando no rumo de volta. Aí decidimos, Vamos voltar, deixa Búzios para outro dias. Estávamos prá frente da Ilhas de Maricás. Retornamos para o Rio. Ancoramos na Marina da Glória. Aprendi uma lição básica. Navegar requer planejamento!! Restou a frustração de não ter conseguido.

Saímos no dia seguinte a tarde da Marina da Glória para Ilha Grande. Foi uma velejada muito legal. O leste ainda estava forte, nos levando com boa velocidade para o Abraão. Usamos o motor apenas para ancoragem. O único incidente deste percurso, foi uma cassetada no rosto, quando o Júnior deu um jibe involuntário. Meu óculos saiu voando. Não caiu na água por pouco.



Na Ilha Grande, ficamos no Abraão e Sitio forte. Foi novidade para o Júnior. Ele gostou muito.
Seguimos para Paraty, onde a Angela viria nos encontrar, para passar uns dias de férias. Ela estava grávida da Isabela de uns 4 meses. Ficamos ancorados no refúgio das Caravelas. O Júnior retornou para casa de carro. Curtimos uns cinco dias a estadia em Paraty. A Angela retornou de carro até Ubatuba e Eu segui sozinho no Tukurá.
Sai do Saco do Mamanguá às 04:00 hs da manhã. Estava noite ainda. Um pouco antes da porta da Joatinga, vi dois golfinhos vindo em direção do barco, como torpedos. O efeito da ardentia (fluorescência esverdeada), deu uma imagem linda. Que nunca irei esquecer. Agradeci a Deus pelo momento e pelo previlégio de estar realizando minhas vontades.
Cheguei em Ubatuba às 14:00 hs.