03 e 04 de Outubro:
Depois da temporada de reformas, enfim... Barco na água, ânimo nas nuvens.
O Tukurá ficou pronto. Foi prá água na marra. Mas valeu a pena, ficou tudo como eu desejava.
Aproveitando o embalo decidi levar o Tukurá para uma temporada em Paraty.
Ajeitei as coisas para a viajar uma semana antes do feriado de 12 de outubro. Como tudo foi decidido na véspera, não deu para arrumar um tripulante para me acompanhar. Convidei meu amigo Rogério, do Sombra da Lua, mas ele não pode. Minha irmã também não teve como ir. O Fernandinho disse que ia, mas não apareceu na hora de sair de Mogi.
Fui na boa e velha companhia do nosso Papai do Céu!
Logo que cheguei no Saco da Ribeira encontrei o Sr. Inácio. O Inácio (fico a vontade para suprimir o Sr.) é um jovem de 77 anos, dono do veleiro Kapiao. Um barco de 27 pés que ele mesmo construiu. Um primor de veleiro. Comandante e barco valentes. Já viajaram juntos para Fernando de Noronha.
O Inácio é uma espécie de referência do que eu gostaria de ser quando eu me aposentar, digamos assim. Uma pessoa com uma jovialidade de dar inveja, aventureiro, simpático e cheio de sonhos para realizar.
Por coincidência o Inácio estava se preparando para zarpar para Paraty. Combinamos então sair juntos.
Foi um prazer poder navegar juntos. Tukurá e Kapiao.
Saímos no final da tarde do sábado. O mar estava calmo e tempo encoberto. A previsão do tempo indicava vento S/SW moderado, não passaria de 15 nós. Perfeito para uma tão desejada velejada de Ubatuba à Pararty (Será que alguém já conseguiu fazer isso um dia? - Eu nunca tive esta sorte).
A saída de Ubatuba foi no motor, pois não havia vento. Só depois de uma hora de navegação, começou a soprar um ventinho SE. Abrimos, Tukurá e Kapio, a genoa. Por mais uma horinha fui motorando, depois o vento aumentou e eu resolvi velejar. Icei a mestra e segui rumo a Ponta Grossa, velejando a 4 - 5 nós. Nisso o Kapiao me ultrapassou e seguiu distanciando-se do Tukurá. Quando anoiteceu, eu já não tinha mais certeza se uma luz de navegação na minha proa era do Kapiao. Aquela embarcação estava seguido rumo SE. Imaginei que fosse um dos barcos de pesca que estava a minha frente antes do anoitecer.
Chamei o Inácio pelo VHF, mas não consegui me comunicar com ele. Provavelmente algum problema em um dos rádios, não permitiu que nós dois trocássemos informações sobre nossas posições. Segui tranquilo, por que o Inácio tem experiência de sobra. Eu estava me posicionando pelo GPS e pelas referências que tinha dos morros e ilhas do continente.
O vento acabou. Não seria desta vez que eu conseguiria velejar no percurso Ubatuba - Paraty. Liguei a usina de vento, o motor Yanmar, e segui rumo a Ponta da Joatinga.
Durante a madrugada recebi alguns chamados do Inácio, pelo rádio, mas infelizmente não consegui falar com ele. Eu o ouvia muito bem, Porém ela não. Aliás, audição não é o ponto forte do Inácio!
Já não conseguia mais ver nenhuma luz de navegação, até por conta da má visibilidade. Quando eu estava a umas 5 milhas da Joatinga, lá pela meia noite, consegui informar minha posição para o Inácio pelo rádio. Acho que ele estava fazendo uma navegação errada e se afastou muito da costa. Depois disso, ele informou que havia acertado o rumo para a Joatinga,
Passei pela Joatinga por volta da 01:00 h. O sono começou a chegar. Eu dormi muito pouco na noite anterior e estava cansado. Meu plano era o de ancorar no Saco da Velha. Lá tem umas poitas do restaurante do Zizinho e é um lugar que eu tenho plotado no GPS. Poderia chegar a noite com muita segurança.
Ainda restavam umas duas horas até lá. O mar ficou mais calmo, porém a garoa ficou mais forte, prejudicando muito a visibilidade. Não dava para tirar aqueles cochilos rápidos de costume.
O sono foi apertando, apertando... Quando cheguei na entrada do Saco do Mamanguá, contornei a Ilha do Algodão por boreste. Era a opção mais longa, porém era a que eu tinha gravado no GPS. O sono estava pegando!
Às 02:30h peguei uma poita segura no Saco da Velha. Tomei uma dose da maravilhosa Cachaça do Sr.Toninho e fui dormir.
Acordei pela manhã com o barulho de uma lanchinha que passou próximo do Tukurá. Fiquei curtindo a meu berço por mais um tempinho, Foi dificil levantar. Preparei um café Três Corações e sai no convés para curtir o visual.
Fotos do Tukurá reformado.... e vamos lá para Paraty.
Pouco antes de zarpar, ouvi o chamado do Inácio. Eles ancoraram na Enseada do Pouso para dormir. Chegaram lá por volta das duas da manhã. Ou seja, quase duas horas depois que eu passei por lá. Custou caro para o Inácio a voltinha no sentido da África.
Saindo do Mamanguá
Ao fundo fica o Restaurante do Zizinho com uma prainha, quase que particular.
Por coincidência tornei encontra-los assim que saí do Mamanguá. Navegamos juntos até Paraty.
Grande Inácio e seu amigo Lopes! Um com 77 outro com cerca de 80 anos. Dá para encarar uma dupla dessas? Deus me dê uma saúde dessas para a minha 3a. idade.
O planejado era deixar o Tukurá lá na Marina Refúgio das Caravelas, onde já fiquei outras vezes. estava tudo combinado com o Aldo, o proprietário. Porém quando fui tratar com o gerente de lá, não o encontrei. Ele não estava. Foi um custo para conseguir falar com ele por telefone. Depois que uma moça de boa vontade da pousada o localizou, tive que insistir para que ele atendesse o telefone. Fiquei de saco cheio. Parecia que ele estava fazendo um favor.
Fui então na marina ao lado, Pier 46. Fui muito bem atendido pelo Marcos, que é o responsável pela marina. Negociei um preço razoável e atraquei o Tukurá no pier.
Dei aquela arrumada no Tukurá e retornei de buzão para Ubatuba.
Bons ventos e até a próxima.
domingo, 4 de outubro de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)