quarta-feira, 23 de maio de 2007

Retornando para Casa

Dia 21/05:

O retorno de Búzios até o RJ, foi feito com a companhia do Júnior. O Júnior é o culpado! Ele é quem me contaminou com o vírus da vela. O Júnior é o meu primeiro amigo. É meu amigo desde que eu me conheço por gente.

Um dia nos encontramos depois de vários anos sem nos ver. Ele me levou para velejar na represa em seu Laser. Eu já tinha certa afinidade com a coisa. Deu no que deu!
Fizemos algumas peripécias juntos. Uma delas foi velejar de Laser de Bertioga até Boiçucanga. Dois no barquinho. No meio do caminho, resolvemos desviar para a Ilha do Montão de Trigo, umas 5 milhas (8 Km) mar a dentro. Levávamos apenas uma geladeirinha de isopor que cabia duas latinhas e uma garrafa de água. Foram 12 horas sentados naquele barquinho. Minha bunda ficou com o xadrez do anti-derrapante da fibra por uns três dias!
Saímos do I.C. Armação de Búzios por volta das 11:30 hs. Saímos no motor, com a vela mestra içada e rizada (reduzida), pois não sabíamos como o vento estaria lá fora. Assim que chegamos em mar aberto levantamos a genoa (vela da frente), para velejarmos diretamente até Cabo Frio.

Necessitamos fazer uma parada estratégica em Cabo Frio, para abastecer o barco com água e diesel. A chegada em Cabo frio foi tranquila. Apenas a entrada no canal foi um pouco estressante.
Foi minha primeira vez. O acesso ao canal é estreito e o movimento de barcos é grande.
Mas deu tudo certo e encostamos no I.C.Rio de Janeiro, sub-sede de Cabo Frio. Nosso vizinho de Búzios do veleiro Francês, que havia saído de Búzios horas antes de nós, já estava no clube tomando uma cerveja. Abastecemos e fomos embora para Arraial do Cabo.

Chegamos em Arraial lá pelas 17:00hs.


Tentamos inicialmente ancorar na Praia dos Anjos, mas a âncora garrou (soltou). Decidi então pernoitar na Praia do Forno. Lá pegamos uma poita do restaurante flutuante. Pudemos dormir tranquilos, mesmo com o forte vento que soprou toda noite.
Dia 22/05:
Saímos de Arraial às 06:30 hs. Nosso plano era sair às 05:00 hs, mas quem é que levantava da cama com aquele friozinho!!
Contornamos a Ilha do cabo Frio pelo lado de fora. Evitei passar por dentro do boqueirão, porque a profundidade é pouca. Não quis arriscar ficar encalhado em um banco de areia.
Velejamos todo tempo. Contornamos a ilha, deixamos o Arraial do Cabo numa velejada muito boa. O mar estava bem agitado, até que nos afastamos da costa. O vento nordeste foi empurrando o Tukurá até próximo a Ponta Negra.



A vara de pesca estava armada. Mas nada de peixe! Pouco antes do vento parar, fisguei um peixe. O danado fez uma boa força contra o molinete. Quando faltava alguns metros para embarcar... a linha quebrou. Não sei o tamanho, mas foi uma briga boa! Pouco depois, como prémio de consolação, peguei um pobre peixinho. Quase do tamanho da isca. Acho que ele foi atropelado pela isca artificial, pois o anzol estava preso na cabeça do coitado.

Às 15:30 hs o vento parou completamente. Vimos chegar uma enorme nuvem negra em forma de tornado.
Na verdade, as nuvens pareciam um algodão doce, todo retorcido. Logo atrás das nuvens veio uma pauleira. Entrou o famoso Suduca. Um vento sudoeste muito forte, que rapidamente levantou as ondas. Baixamos todas as velas e ligamos o motor. O barco não respondia ao leme, pois a velocidade era muito baixa. Dei um pouco mais de motor e fomos em frente, bem devagar, vencendo onda por onda. Vimos duas traineiras de pesca na mesma situação. Uma delas, desistiu e deu a volta, jogou ancoras pela popa e ficou esperando o mal tempo passar. Naquele momento pensei que iríamos ter uma noite de cão. Naquele velocidade, iríamos chegar no RJ só no outro dia. Fiquei com um pouco de medo, mas não por uma tragédia, mas sim pelo desgaste e estresse que iríamos ter que enfrentar. Estava tranquilo com a segurança, pois tínhamos o tanque cheio, havíamos almoçado pouco antes do vento chegar, estávamos perto de outros barcos e se o bicho pegasse ainda mais, nós poderíamos abrir um pouquinho da vela genoa e " correríamos com o vento". Mas como tudo nesta vida... passa! A pauleira durou 1:30 hs, depois foi diminuindo. Com isto as ondas que estavam muito grandes (2 a 3 metros), foram baixando. A velocidade do barco melhorou de 1 nó para 4 nós. Nossa previsão era chegar na Baia da Guanabara, lá pelas 23:00 hs. Ótimo, perto do que eu imaginava que iria acontecer.
Chegamos no Charitas em Niterói às 22:50 hs. Jogamos âncora defronte ao clube, jantamos um macarrão a bolonhesa e fomos dormir. Sem banho é lógico!
Dia 23 a 25/05:
Instalados no Clube Charitas, tiramos o dia para fazer uma limpeza no Tukurá. Lavamos o convés e o costado, limpamos o interior do barco e arrumamos a bagunça do dia anterior.

O Júnior decidiu ir embora, pois o trabalho o chamava!
O dia estava muito feio, chuvoso e frio.

Na noite de 23 para 24, choveu e ventou muito. As rajadas assobiavam. O toldo parecia que ia ser arrancado do barco. Eu acordava todo tempo por causa do barulho do toldo. Não encontrava coragem de sair lá fora para retirar o toldo. Até que uma das cordinhas se soltou. Ai não teve jeito, vamos para chuva!! Fiquei todo molhado e com frio. Me sequei e me aqueci com uma dose da cachaça do Sr. Antoninho, lá de Americana. Voltei para o meu bercinho. Contei mais uma rajada. depois o vento diminuiu. Que raiva!!! Essa lei de Murfi é do cassete!!
Na sexta de 25 o tempo melhorou. Niterói amanheceu com céu azul, mostrando alinda paisagem do RJ.

Mas mesmo assim, resolvi voltar para Mogi de ônibus e passar o fim de semana com minha família. A Belinha está com saudades do Capitão Papito!!

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